Deixe eu ficar aqui quieta. Não me peça nada. Porque eu corri sozinha chorando feito doida pela casa. Só sei porque Alberto me disse: o contrário da alegria não é a tristeza, mas o silêncio. Eu peço socorro tão baixinho que você não escuta. Só posso cuidar de você, não por altruismo, mas porque tenho pudor em existir.
(E assim, impotente e pequena não pude parar a bala que matou, na escola, o menino com o lápis na mão.)
Por pudor eu não peço, por pudor eu não berro, por pudor eu não conto, por pudor eu não mostro. Por pudor eu não faço.
Porque as palavras não vieram, fiquei assim: absorta, com força apenas para o mínimo: permanecer. Respiro e ocupo um lugar no espaço.
Martha
Por pudor eu não peço, por pudor eu não berro, por pudor eu não conto, por pudor eu não mostro. Por pudor eu não faço.
Porque as palavras não vieram, fiquei assim: absorta, com força apenas para o mínimo: permanecer. Respiro e ocupo um lugar no espaço.
Martha
11 comentários:
por pudor, nem comento...
Sinto como vc. E, como somos mães, sentimos pelo ser humano morto bestalmente e pela mãe dele, daqui para frente uma morta viva.
Com esse pudor de palavras vc diz mais do que a mais depudorada crônica poderia...
beijos
>^:^< Kika
A poesia que nasce da dor. Beijo, Marta, no coração.
Martha, eu compreendo tanto. Obrigado pelo tanto e tão belo que você diz, falando por nós tantos.
Beijos.
Ai, Martha, isso me chegou tão fundo...
lindíssimo texto sobre uma tristeza tão grande...
bonito isso bonito paca.
vc fez falta nesse almoço . Jô sentiu sua falta ; Rosa também...
vamos marcar um jantar ou almoço tranquilos, numa tarde calma.
be'j'.
Estive aqui pensando se a tristeza é passagem rumo à sabedoria ou se estacionamos nessa estação por medo do trajeto.
Como Ana Cecília disse acima, você falou por nós todos.
Bjos.
cortante e profundamente lindo.
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