28 janeiro, 2024

Vivi uma experiência crível e extraordinária quarta-feira, fiz parte de uma trincheira. Uma barricada de mulheres, barrigada, sustento. Juntas, levamos horas  à porta do centro cirúrgico. Em estado  de espera,  alertas, ouvimos  o silêncio, histórias aflitas, risos, café  ruim  dividido em copos de plástico.  Escoras. Alívio, um a  um o amor  de cada  uma  saía numa  maca,  filho,  filha, irmão, marido.

A   auxiliar  de     enfermagem    trouxe  para  mim   a   boa   notícia, acabou  a  cirurgia,  está   tudo bem. Agradeci a ela por  me avisar. Sei   como é   angustiante essa espera, e somos  irmãs  de   fé,  ela  respondeu. E mais disse, mas  não  quero  contar.  Oxossi.  Quis abraçá-la   mais  hesitei, ela    fez  o  movimento, fui ao seu encontro. Nos  abraçamos  com  vontade, amparo. Chorei  de amor.

Mais de meia noite beijei o rosto da jovem bonita que ainda esperava, eu iria para o quarto com  o  meu  amor.  Pela   manhã,  voltando  para  casa,  encontrei  duas   das   mulheres  do abrigo,   a alegria e o amor já haviam dominado, dei beijos e abraços.


M.

 APAGÓN

Un recordatorio para cuando lleguen
los momentos de tristeza:
al igual que durante los cortes de luz,
es recomendable salir a comprobar
si sólo somos nosotros
o es en todo el barrio.

Gustavo Yuste
O ladino não oferecia
prata, safira ou diamante
ouro, bauxita ou manganês

a sua esmeralda
era seu pretuguês 
com acento de Gana.


Martha 

26 janeiro, 2024

Iolanda e eu


perder-se perder-se 


Martha


                                                                                                                                             
              




                                                           




                                                                                                      


Iolanda                                 

03 novembro, 2023

                                                               Célia Cerqueira

Sentada na cadeira da minha querida dentista Camila, com a boca aberta e trinta e dois dentes, me deu vontade de chorar
e eu chorei sem lágrimas, como tenho feito muito nos últimos tempos
- o mundo está uma máquina de moer carne de gente -
chorei de estranha saudade, pois da minha infância não sinto falta,
chorei sem lágrimas lembrando daquelas tardes nos anos 70, quando ia ao consultório da minha muito amada tia Luda, no Edifício Fundação Politécnica, subia as primeiras escadas rolantes da Bahia e
após minha tia cuidar dos meus dentes, descia as primeiras escadas rolantes da Bahia e tomava uma banana split ou um milk shake de chocolate na Lobrás.


 

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria