11 dezembro, 2010



Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz 
mas eternamente não, patrão.

Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.

Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração 
arder até às cinzas da maldição 
arder vivo como alcatrão, meu irmão, 
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha 

Um comentário:

cirandeira disse...

Gosto muito de José Craveirinha.
Recentemente, postei no "cirandeira" um texto dele sobre
a função do poeta.("Ser poeta"...)

beijo

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria