03 novembro, 2010
Registro da fala do silêncio
O que mais tem falado em mim é o silêncio,
mas um silêncio plural — de fogo —
que com sua língua escarlate abrasa as palavras
e as queima antes de serem.
Um silêncio de lá, de longe — das plagas interiores —
que fala o tempo todo sem dar nome ao dito.
Em sonho é imagem: e vejo, inebriado,
a sua cara — semblante formidável:
tão formoso quanto pode ser um deus.
O silêncio, este que fala e de que tanto falo,
é um hieroglífico poema,
e estes versos: tradução e codificação.
José Inácio Vieira de Melo
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3 comentários:
Eu ando um tanto cansada desse meu silêncio cheio de verbos, que me consome e não me organiza.
lindo poema.
bj
Linda mesmo! muito boa!
ah... o silêncio que nos consome - se não fosse a poesia - seria insuportável. beijo!
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