05 novembro, 2010

Mar-Horto

Esta não é a água
cristalina de beber
nem abençoada de benzer

É a água de cem mortos
pedaços de corpos
boiando na luz da manhã.

À noite,
ondas vermelhas
tropeçam
em mãos, pés, braços, orelhas...
no recuo da praia.

Angústia
do morto, do torto:
o arcabouço apodrecido dos sonhos.

Angústia maior:
a de ter olhos de ver.

Cláudia Cordeiro


Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba, que mar vermelho, me lembrou aquela carnificina do Resgate do Soldado Ryan.

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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