12 janeiro, 2010
Deixa a mão
Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira.
Deixa a mão
errar
sobre a cintura
apenas conivente
com nácar da língua.
Só um grito desde o chão
pode fulminá-la.
A morte
não é um segredo
não é em nós um jardim de areia.
De noite
no silêncio baço dos espelhos
um homem
pode trazer a morte pela mão.
Vou ensinar-te como se reconhece
repara
é ainda um rapaz
não acaba de crescer
nos ombros
a luz
desatada
a fulva
lucidez dos flancos.
A boca sobre a boca nevava.
Eugénio de Andrade
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3 comentários:
Cada vez que vc ataca seus leitores com Eugénio, tenho que parar tudo e ir em busca dele.
Genial.
Oi, há um poema seu no Balaio de hoje.
Beijos.
amo esse poema do Eugénio... é lindo de doer.
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