25 março, 2008


O ausente

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

Vinícius de Moraes

3 comentários:

Anônimo disse...

Adoro Vinicius...

Germano Viana Xavier disse...

Quem melhor que o poetinha pra dizer de pedidos...

Beijo meu, Muadiê!

Germano
Aparece...

Adriano Caroso disse...

Belo poema do Vinícius. Esse eu não conhecia. Valeu!

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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