Irisz Agocs
Hoje foi um dia estranho, não foi? Chuva e frio em plena primavera tropical soteropolitana. Não entendi nada. O vento bravo, o mar respingando água e eu passei o dia assim...marejando, querendo respingar gotas prata. Mas minha lágrima é incolor!
Por isso as gotas ficaram só na beiradinha dos olhos, amparadas pelos cílios. Enchendo...esvaziando...feito a maré...que como diz Arnaldo Antunes, enche e esvazia para não sair do lugar.
Passei o dia ensimesmada, solitária, coligada ao mar, ao vento e a chuva. Só no final da tarde recebi apoio para existir.
Assim: a saída da ginástica olímpica de Beatriz é realmente uma loucura, muito carro e pouca solidariedade. E eu, manobro daqui, dou ré ali... finalmente consigo ir saindo devagar...e surpresa: vejo um carro dando ré, vindo exatamente na minha direção. E a distância entre nós era bem curta. Eu odeio buzinar, mas neste caso não havia alternativa.
A mulher que estava no volante não gostou e começou a gritar um monte de coisas...eu nem ouvi, coligada que estava com a chuva, o mar, o vento e nessa altura também com aquele mar de carros....
Mas havia uma kombi da embasa parada, com uns 4 ou 5 trabalhadores, e para meu conforto nesse dia chuvoso e frio, eles inesperadamente tomaram meu partido e diseram: Mulher maluca! Manda ela tomar no cu!
Não precisa rapazes, deixa ela seguir, já valeu o apoio moral..
Marha
5 comentários:
Legal, Martha! Um tapinha nas costas na hora certa às vezes nos faz ganhar o dia!!! Mais uma vez, captaste «aquele» momento especial!!! Beijos!
Seu blog está estranhamente emocionante.... o estranhamento é para brincar com o mister de emoções que me fez sentir, hora em ler os poemas, principalmente os seus e hora por ver as imagens. Parabéns pela emoção despertada em cada escolha, em cada palavra, em cada sensação.
BEIJOS!!!
É amiga... E a mesma chuva que caia em Salvador, era torrencial dentro de mim hoje....
Me lasquei! Justo hoje, combinamos eu , vc e São Pedro de chorar leites derramados em formas estranhas.
P.S.
O trânsito de Salvador em dias de chuva é o casamento do Pinel com o Juliano Moreira, mesclados com o meu juízo.
Boa Martha!
Vc é sexo explícito com as palavras.
Beijo.
Liris Letieres
Olha a chuva de Bandeira pra vc...
"Enquanto a Chuva Cai
A chuva cai. O ar fica mole . . .
Indistinto . . . ambarino . . . gris . . .
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.
Torvelinhai, torrentes do ar!
Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.
Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.
Volúpia dos abandonados . . .
Dos sós . . . — ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer . . .
Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!
A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!
Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!
E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.
É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!"
Beijo
very nice of you, thanks! muchos gracias!
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