24 setembro, 2013



Matança

É profundo o corte que a faca faz na carne do 
animal de quatro patas
Nesta hora não há porque estancar o sangue que 
inaugura mais um ciclo
Os escolhidos aqui da terra vibram na sensação do 
compromisso renovado
E o êxtase se expande no galope livre pelo 
barracão da cerimônia 

O que custa o carneiro em pé berrando lá na feira 
livre é o olho da cara
A metade do salário de quem ganha o mínimo por 
um mês de trabalho
Cada centavo da economia feita no suor do dia-a-
dia para o dever divino
E a alegria única de ter atendido aos apelos da 
entidade

Aquele vestido novo o sapato alto aquele brinco 
banhado a ouro 
Não valem um giro na roda em presença de um 
deus alimentado
E a nobreza que resguarda o corpo banhado no 
sangue do orgulho
Tá na imponência do cavalo negro que sustenta a 
ancestralidade

Nelson  Maca

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