29 abril, 2013



Saímos da sala e a chuva tchêêêêêê, caía sem trégua. Ficamos esperando no foyer, eu calada, ouvindo desatenta o burburinho ao redor, olhando a chuva, um cachorro que bradava para as pessoas que passavam e uns meninos abrigados embaixo de uma árvore enorme.

A chuva estava intrépida, decidi seguir viagem. Uma colega, uma mulher mais velha que eu acabara de conhecer, me disse: Quer carona? Eu te levo até o carro. Aceitei e fui me dando conta do tamanho da gentileza pouco a pouco: Estou com a sombrinha pequena, mas a gente dá um jeito. Leve você que é mais alta.
Tomei o caminho crente de saber onde estava o carro. Não, ali não estava, subimos de volta a ladeirinha. Menina, você não sabe onde deixou seu carro... foi perto de uns bares?
Foi neste estacionamento, afirmei, categórica. Aqui não pode ser, aqui é só pra funcionários, pacientemente me respondeu. E a chuva tchêêêêêê e nós de braços dados numa pequena sombrinha azul celeste, as duas baianamente de sandálias pisando nas poças d'água. Insisti, insisti pra ela desistir de mim, pra ela ir pra casa e eu rodaria até encontrar o carro. Ela se manteve firme:Você não sabe onde está, vamos achar.
Depois de darmos quase uma volta completa no Solar Boa Vista: achei! Antes de nos despedirmos, Dênia repetiu umas três vezes, preocupada: Martha, agora, você vai por aqui, viu? E não vire a direita! Tá ouvindo? Pra pegar o Ogunjá você não vira a direita!

Vocês podem até achar piegas, mas não é, não, voltei pra casa com a pura sensação de rosas.

M.

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