29 julho, 2011

Da série: puxando a brasa pra minha sardinha

A Chuva de Maria
Por Haroldo Abrantes

Publicado pela Editora Kalango, A Chuva de Maria é o primeiro livro individual de Martha Galrão, poeta, mãe e professora.

Nas palavras do também poeta José Inácio Viera de Melo: “Martha tece mistérios a partir da singeleza do cotidiano, tira encanto do àspero dia a dia… demonstra, em seus versos, ter cuidado com as palavras, e revela como sente algumas delas: ‘Uma palavra tensa:/ tempo’, ‘Uma palavra firme: chão’, uma palavra livre:/ beija-flor, ‘Cigarras são palavras femininas’. Martha tem palavras a dizer. E suas palavras se arrumam em versos livres…”

A partir de seu depoimento pode-se dizer que Martha escreve desde sempre: “A sensação que tenho é que escrevo desde sempre. A minha primeira lembrança de escrita, posso pensar que foi simultaneamente de leitura e escrita, na fase de alfabetização, na cadeira de dentista da minha querida tia Luda, eu vi quatro botões, e acima havia as letras C e S alternadas. Falei compenetrada: Se colocar a letra A, vira casa.

E casa é uma palavra com um significante especial pra mim. Meu pai guardou, a vida inteira, um caderno com cartões, cartas, desenhos… Acho que sou assim também, uma colecionadora de mémorias. Na poesia, eu me debruço sobre os meus temas. Bom, quando ele morreu, Emília me deu esse caderno, então tenho cartas minhas, escritas para meu pai, com oito anos de idade. Lembro que na adolescência, escrevia muitas cartas para meu amigo Eduardo. Colocava no correio e tudo, apesar de estar com ele, diariamente, no colégio. E também escrevia para meus amigos quando estavam longe, Marcelo, Ana, Rita, Malu, Tico, Leila.

Hoje escrevo muitos e-mails para meus amigos, inclusive Suzi, no Ceará. A leitura também é muito importante, a leitura dos autores certos, para cada pessoa, desperta pensamentos, sensações, compreensões, que só acontecem ali, no momento, no espaço-tempo da leitura. Lembro-me perfeitamente do cheirinho de livro novo e nós três, eu, minha mãe e Maurício, em cima da cama, folheando os livros novos da escola. Érico Veríssimo, Rosa no Castelo Encantado, aquele livro lindo, de capa dura, ilustrações maravilhosas e coloridas. Essa poesia, não sei exatamente, pois era bem criança, quando li no livro da escola:

Ah! menina tonta,
toda suja de tinta
mal o sol desponta!
(Sentou-se na ponte,
muito desatenta…
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?…)

Cecília Meireles assonando pra mim. Fiquei tocada pela linguagem. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, também muita história em quadrinhos, romances júlias, sabrinas, fotonovelas, novelas na tv, histórias contadas pela família, pelos amigos, escutadas nas ruas.

É uma formação anárquica. vou lendo, e me deixando mover pelo desejo, muitas e muitos me fisgam, então, eu leio. Vou citar os que mais me impressionaram: Adélia Prado, Cecília Meireles, Doris Lessing, Drummond, Clarice Lispector, Lígia Fagundes Teles, Ana Cristina César, Raduan Nassar, Marina Colasanti, Nélida Pinon.”

Muitas das poesias de A Chuva de Maria são conhecidas dos internautas leitores que acompanham o blog www.mariamuadie.blogspot.com, alimentado por Martha Galrão
a cerca de 5 anos. “Poesia pra mim é uma maneira de ver a vida. O que atrai o seu olhar e como você vê e sente. São os detalhes que constroem o seu enredo. É um olhar espantando e encantado sobre a vida”, complementa Martha.

Indagada sobre o que autoriza alguém a se tornar poeta, Martha responde: “ Não sei… Deve ser o eco. Se consegue comunhão com outras pessoas, o reconhecimento de outros poetas, escritores.E de si mesmo. E sua poesia fala de quê? Acho que é o meu olhar de criança que continua muito vivo, ainda querendo entender…curioso, espantado, lírico. Talvez o olhar do poeta e do fotógrafo estejam muito próximos, no sentido de ambos construírem uma composição, um momento, único, um insigth, um expressa com palavras, criando imagens, e o outro cria imagens.”

O lançamento de A Chuva de Maria está marcado para o dia 5 de Agosto, na Livraria Cultura do Salvador Shopping, das 18 às 21 e 30 h.
Apareçam.

3 comentários:

Nilson disse...

Um olhar amoroso para essa poesia demais de Martha. Vai ser uma festa, vamos todos!!

Anônimo disse...

Eu também vou!!! Estou emocionada com as palavras da autora... Remetem-me à minha própria infância... Os livros de leitura, na cama com a minhamãe, lendo pros irmãos maiores... Viva a Leitura!!!

Rosane Vilaronga disse...

Eu também vou!!! Estou emocionada com as palavras da autora... Remetem-me à minha própria infância... Os livros de leitura, na cama com a minhamãe, lendo
pros irmãos maiores... Viva a Leitura!!!

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

Muadiê Maria