06 janeiro, 2011


Exausta porque ao meio-dia
emana todo o calor dos trópicos.
O desamparo é grande
indelicadamente eu piso
sobre a minha sombra.
O suor escorre
como um filete de sangue
pelas minhas costas.

O sangue é pálido ao meio-dia
o calor enfraquece as hemácias.
Os demônios vaporizados
entram pela moleira
que imperceptível se abre
no topo da minha cabeça
no ponto onde o Sol
lança chama e brasa.

Deixe eu morrer
só um pouco
à míngua, aorta seca,
em minha casa.

Martha

10 comentários:

Angélica Teresa Almstadter disse...

Que poema vivo, cheio de pulsação!
Senti o mesmo filete correndo pelas minhas costas! bjuuuuu

Wilian Barba Jañez disse...

Nossa... que maneira linda de dizer que esta calor pra cacete!!! rs

Adoro a poesia! rs

Anônimo disse...

Ah, já estava com as hemácias esmaecendo de saudade da tua poesia.
Bj amiga

Cosmunicando disse...

dói como a caatinga este poema... delicado e espinhoso ao mesmo tempo.
lindo demais!
beijos

Bípede Falante disse...

Que forte!!

aeronauta disse...

Como você é criativa, Martha! Um dia de calor rendendo um poema maravilhoso!

M. disse...

Martha, você é demais. Estou esperando seu livro ansiosa. Bjs.

Lidi disse...

"O suor escorre / como um filete de sangue / pelas minhas costas." Que imagem! Nunca mais o meu suor será o mesmo. Parabéns pela tua poesia, Martha. Bjs

Aroeira disse...

"indelicadamente eu piso
sobre a minha sombra."

Que imagem forte de delicadeza!

bjo

Anônimo disse...

Enjolras, um terno amigo, me sugeriu a leitura de seus poemas. De cara, li esse, e gostei muito. Gostaria de saber se vc tem algum livro publicado e se mora em Salvador. Abç.

Henrique Wagner

henriquepwagner@hotmail.com

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