17 setembro, 2010


Eu vou lhe contar uma coisa, mas tem que ser baixinho senão eu não aguento a dor:

Quando meu pai estava na uti e foram desentubá-lo, é claro, suspenderam a sedação. Na operação, infelizmente, ele teve um edema de glote e o entubaram novamente.
Eu, sua mulher e sua irmã estávamos na porta esperando. Ninguém nos chamou. Ninguém. Porque numa uti os pacientes e a família não são tratados
como pessoas.

Mais tarde, a enfermeira me contou que ele pediu papel e caneta para escrever, mas como sua mão estava muito inchada ele não conseguiu.
Esse fato me dói tanto que sinto vontade de gritar.
Mas falo baixinho.

Martha

7 comentários:

Anônimo disse...

Sem palavras. A não ser dizer que Zezé também sofreu muito do lado de fora.

Edu O. disse...

Eu hoje também to gritando baixinho aqui dentro

Gerana Damulakis disse...

Nossa, M. Fiquei sem palavras para colocar aqui.

cirandeira disse...

Viví algo semelhante quando mamãe se foi. Nem aguento falar mais nada, Maria. Entendo profundamente o que é isso...

Bjs

Lê Fernands disse...

fiquei entalada.

Daiane Oliveira disse...

(...)

Muadiê Maria disse...

Ao mesmo tempo, lindo e triste... Ah se o tempo fosse caneta e papel... Ah se tudo fosse essa tintura nos olhos que seu pai escreveu em vc...

Jober Pascoal (30/06/2015)

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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