Eu era estranha e herdara o quarto que era de meu pai e minha mãe. Havia um grande armário embutido, onde, na parte de meu pai, eu cabia facilmente sentada.
(Lembro dos paletós que me traziam o mundo. Canetas douradas, prateadas e lindas com bolinhas penduradas compradas nas importadoras japonesas do Edifício Politécnica. Um papel do tamanho de um assustador bebê que já nasceu falando. Um documento que me contou que Antônio é meu irmão.)
Mas o que eu quero lembrar foi o dia em que Tico queria ser meu amigo. Eu fugia pois ele era estranho. Tico bateu na porta da minha casa e eu me escondi nesse guarda-roupa. Como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele abriu as portas do armário e simplesmente falou:
- Vamos ao cinema?
Fiquei muito envergonhada por estar escondida e respondi fingindo simplicidade:
- Vamos.
Fomos assistir A Vida de Brian. Nos tornamos tão amigos e inseparáveis que todos pensavam que éramos irmãos.
Martha
(Lembro dos paletós que me traziam o mundo. Canetas douradas, prateadas e lindas com bolinhas penduradas compradas nas importadoras japonesas do Edifício Politécnica. Um papel do tamanho de um assustador bebê que já nasceu falando. Um documento que me contou que Antônio é meu irmão.)
Mas o que eu quero lembrar foi o dia em que Tico queria ser meu amigo. Eu fugia pois ele era estranho. Tico bateu na porta da minha casa e eu me escondi nesse guarda-roupa. Como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele abriu as portas do armário e simplesmente falou:
- Vamos ao cinema?
Fiquei muito envergonhada por estar escondida e respondi fingindo simplicidade:
- Vamos.
Fomos assistir A Vida de Brian. Nos tornamos tão amigos e inseparáveis que todos pensavam que éramos irmãos.
Martha
13 comentários:
Martha, vamos ao cinema?
A pergunta que não quer calar: deixou de ser estranha quando?
Ai, não precisa jogar o mouse na minha cabeça, ui!
Belas lembranças, amei.
#adoro essas lembranças de infância, são tão gostosas, né?
beijos, flor
MM.
O significado maior vem com o tempo.
Tudo q vc escreve eu gosto:)
Feliz dia das mães, qrda.
Sei a mãezona que é- que lhe deem mtas alegrias hj e sempre.
Bjão Laura
Lindo isso!
Marta, eu adoro te ler. Bjs
Eu também adoro. Adoro adoro.
Linda a sua despretensão na escrita, proveniente da poesia nossa de cada dia.
Martha, me vi nesta cena - me escondi tantas vezes dentro de armários e embaixo das camas, quando chegavam os tios, os primos, os "estranhos". Acho que até hoje, de certa forma me escondo. :) Adorei ler isso! Abraços.
tico é o máximo, conquista qualquer um agindo dessa forma; ele deve saber das coisas como ninguem.
Tentei postar um comentário sobre o Brian, mas tenho dificuldade com blogs... fico inseguro, tem um tal de bloger que pergunta muitas coisas que não sei responder...Enfim, adorei o sorriso do cara da foto.
O Brian sempre foi meio estranho, também nunca consegui entender ele direito. A melhor parte do filme prá mim é quando a gente abre o armário. Parece um lance assim: a pessoa que está dentro toma a iniciativa de abrir a porta do armário por fora. A pessoa que está fora sempre deixa um pedaço de si dentro ( do armário). Aí a gente sai do armário e vai procurar o Brian no mundo. Agora já não sei mais se era um filme feito pelos outros ou é o nosso próprio...
Esse momento parece que dura até hoje... o Brian envelheceu. Nós e o armário também.
Obrigado pela companhia.
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