Desamparada estava eu, na barriga da minha mãe,
enquanto ela passava pela rua do Forte de São Pedro
a caminho do Campo Grande e sentia o cheiro dos peixes
mortos e tremia de medo das peixeiras.
Descia do passeio e atravessava a rua,
perguntando-se aflita:
De que eu tenho medo? De que eu tenho medo?
Martha
Martha
6 comentários:
Essas suas passagens, esse instante dilatado, posto à luz e à eternidade, essas "insignificanças" preciosas me encantam demais.
E sobre seu comentário do jornal A Tarde, não entendi direito, Martha. Me conta (tô em conquista esse fim-de-semana e meio alheia a tudo).
Beijo grande,
Raiça.
"Essas suas passagens, esse instante dilatado, posto à luz e à eternidade, essas "insignificanças" preciosas me encantam demais."
e repito, e repito...
Um desamparo muito bem simbolizado: a rua, o cheiro de peixes, tudo. Vc é D+
eu estava atrasadissimo aqui!!! adorei vir e ler tanta coisa boa.
Peixe morto com gravidez não conjumina... Muito bem fazia ela em atravessar a rua.
As respostas faltam e o que nos sobra, firme e intenso, é a evidência ela mesma: o medo.
Gostei da imagem utilizada, é bem expressiva. Primeira vez que venho aqui, estou conhecendo seus textos. Um abraço!
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