06 novembro, 2009

Saudade





















O vento nas folhas
quer me consolar
Fingir que o Guaibim
mudou de lugar.

Na rede eu escuto
as acácias e helicônias
brincando de ser coqueiros

os passarinhos
trazem notícias de meu pai

Beija-flor e Caga-sebo
preferem as graxas rosas

a Pintagol Fubá
cantarola na varanda
um Garrincha, seu amigo,
assobia só pra ela.

Os Assanhaços
na goiabeira e
as Rolinhas também.
Briga entre os Beija-flores.

A chuva de exuberância

dos Bem-te-vis

sorte é ver
da janela do meu quarto
um bando de Bico de Lacre.

O céu daqui é pequeno
o final
a vista alcança

a festa dos passarinhos
é cascata, é refrigério
pra aumentar o céu
e trazer
meu pai pra mim.

Martha

Bem-te-vi - Foto: Flavio Cruvinel Brandão
Rolinhas - Foto:
Viveiro Jaime Dias

Bico de Lacre - Foto: Dragoms
Assanhaço - Foto:
Ori Costa
Garrincha - Foto:
Celi Aurora



6 comentários:

O Neto do Herculano disse...

O pássaro representa tudo que nao conseguirei nesta existencia: a liberdade!

Gerana Damulakis disse...

Beleza pura!

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Poema lindo, limpido e que me fez aprender os passarinhos do Brasil.
Obrigado.

Anônimo disse...

O seu amor de filha é lindo. E a menina além de poetisa é ornitóloga é?

Georgio Rios disse...

Sempre tive esta sensação pássara de estar com asas escondidas. Estes teus versos fazem elas coçarem no secreto onde se escondem...

Bernardo Guimarães disse...

ninguem, ninguem fala de saudade como você. ainda traduz a minha, como ninguem...

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria