Da série: Meu caderno Vermelho
Nesse século havia um unicórnio azul, era 1989. Em Berlim, trincava o muro, no Brasil, meu coração. O rapaz, meu namorado, era do PCB, e quando menos esperávamos, saiu a sua bolsa de estudos na Alemanha Oriental.
Fui até o Rio de Janeiro para a despedida e preferi embarcar primeiro. Temi a solidão de um aeroporto estranho. Sentei em minha poltrona e comecei logo a chorar. Pela janela eu via o unicórnio azul despencar. Um senhor bonito sentou-se ao meu lado e falou:
- O avião ainda nem levantou voo, e você já está chorando?
Que coincidência! Era Roberto Freire, o candidato a presidência da república pelo PCB. Contei a minha história e ele me contou uma história sua muito parecida. Acho que votei nele nessa eleição.
Guardei as cartas de amor, únicas, e um pedaço qualquer do muro.
Martha
6 comentários:
Esse seu caderno vermelho é lindo.
Sou fã do caderno vermelho.
Oi Merta! Obrigada pelo comentário no blog. O livro de Paul Auster é incrível, percebi que se observo com cuidado o movimento de nossa vida sentimos a conspiração do universo a nosso favor. rsrsrs Voltarei para acompanhar esse caderno vermelho. Abraço
Legal essa história do caderno vermelho!
Lindo texto, Marthinha. Lamentável que Roberto Freire tenha virado casaca.
Assim vc me acaba! Lembrei de uma viagem chorosa de São Paulo até aqui em companhia do livro de Caio Fernando Abreu que só piorava a situação.
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