03 agosto, 2009



Senhora das terras sangrentas de marte
amolo no esmeril a faca cega da paixão
o que amorteço queda em mim
feito chuva fina.

Quem eu sou e quem eu era
cabem no mesmo espelho
no mesmo rosto
no mesmo peito.

Mas não me reconheço
some a memória de mim
bicho escroto me devora
não entendo mais agora.

Cato meus pedaços
me colo com rio,
terra, lama, mangue
quero a pele molhada (d’água)
o cabelo de terra, folha, graveto
quero ser árvore.

Minha boca é santa
pela boca tanta
loucura, doçura, sofreguidão
não minto e não digo a verdade
me gasto muito para viver
gasto muito papel para escrever.

Amanhã faço tudo direito
hoje vou dormir com os pés sujos.

Martha

12 comentários:

Janaina Amado disse...

"Amanhã faço tudo direito / hoje vou dormir com os pés sujos." Que lindo! De estilhaços e fragmentos, o poema é muito bonito. A foto também!

Bernardo Guimarães disse...

vc e Haroldo, poema e foto, nunca vi casamento tão perfeito!...
bj.

Gerana disse...

O poema é muito bom. Parabéns!

ediney disse...

Imagens fortes e boas para dias de fúria ser cuspidas na face dos desdenhosos

Nílson disse...

Pés sujos, imagens cristalinas: muuuito! E a foto também: casamento perfeito, concordo com Bernardo!

LIRIS LETIERES disse...

A-DO-RO!!!!!!

aeronauta disse...

Meu Deus, que poema é esse? Algo rasgando para o mundo. E a foto? Casamento perfeito!

Senhorita B. disse...

Nossa, que poema lindo! Nem sei o que dizer sobre o final!
Beijos,
Renata

Daiane Oliveira disse...

rizomática.
hj renego qq banho,
banhada estou.
amo.

aeronauta disse...

Oi, Marta, ainda estou com o corpo dolorido, um pouco cansada, mas no trabalho. Obrigada pelo carinho. Abraços.

Ana Cecília disse...

Martha, que lindeza!

Kátia Borges disse...

Lindo!!!!!

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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