18 junho, 2009

QUILÔMETROS E QUILÔMETROS...

Quando a gente era menino, e viajava numa Veraneio ( um carro muito véio, não é do seu tempo não ) de Juazeiro a Salvador, a gente dividia a estrada DE QUINHENTOS E VINTE E UM KM em quatro partes, a saber:

Juazeiro - Bonfim ( Primeira parte )
Bonfim - Capim Grosso ( Segunda parte )
Capim Grosso - Feira ( Terceira parte )
Feira - Salvador ( Quarta parte )

Desnecessário dizer que ao chegar a Feira de Santana o carro parecia a Caravana Holidei de Bye Bye Brasil...

Era menino chorando, menino cagado, menino mijado, menino enzambuado, minha mãe já tinha arrumado vinte brigas com meu pai, o papel higiênico já tinha acabado, a farofa de galinha dentro da panela de pressão já tinha ido pro espaço, os menores já haviam engasgado com as balas Soft Assassinas, as bolachas de goma, as bananas, os jogos, a animação, tudo esgotado.

E então vinham as inquisições:

_ Meu pai, quanto falta?
_ Meu pai, falta muito?
_ Quantos quilômetros?

_ O que é Quilômetro?

Meu pai tinha uma paciência que extinguiu-se nos pais da atualidade.
Nunca mais eu tive a chance de ver alguém com aquele perfil.

Lembro de uma vez que Ricardo conseguiu, Deus sabe como, um fósforo e sem que ninguém visse acendeu um dos palitos e encostou a chama nos cabelos de meu pai, que num golpe com a mão rapidamente apagou sem sequer virar-se para trás, era ele quem dirigia e o menino estava no bando de trás.

Memoráveis essas fantásticas travessias da BR 324.

Mônica San Galo

7 comentários:

Bernardo Guimarães disse...

de monica eu já conhecia a voz, belíssima ( fui à gravação de seu dvd no tca) e seus oratórios fabulosos que faz.
e sabe contar um caso! minhas viagens pela 101 eram tão parecidas...um dia tb conto.

Nilson disse...

Tb já engasguei com bala soft. E meu pai, pelo contrário, era a impaciência em pessoa quando viajava. Depois eu conto tb!!!

Gerana disse...

Eu também contarei algo muito parecido. Adorei o texto.

RAINHA MAB disse...

... rsrsrs.. louca!

Unknown disse...

Já o meu pai nem para viajar teria paciência. Nem o carro possuía.
O texto de Mônica é lindo.

Beatriz Abrantes disse...

Meu pai me fazia acordar 4:30 da manhã para viajar num chevette fora da lei.

Edu O. disse...

que caso maravilhoso!!!

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