02 março, 2008

Corridinho

O amor quer abraçar e não pode.

A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.

O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.


Adélia Prado

2 comentários:

MARIAESCREVINHADORA disse...

Lindo poema, Marthinha. O amor é mesmo corridinho, ninguém melhor do que Adélia Prado para defini-lo.
Beijos,

Conceição

. fina flor . disse...

adoooooro esse poema dela :o]

beijos e boa semana, bela

MM.

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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