28 setembro, 2007

Está quente lá fora, está gelado aqui dentro. Delírios são pânico num dia assim. Acho bonito lágrimas. Não precisa agradecer, gosto do seu cheiro de mato. Dancemos até que as acácias tenham florido. Prefiro cajuada. A cadela comeu de novo as graxas amarelas, devem ser doces. Os elevadores são incompreensíveis, gosto das escadas. Não sei que mãos apararam meu pai quando foi parido. Ou fala, ou come. Talvez, se o presidente americano fumasse um beque, a guerra já teria acabado. Não sei quem inventou os passarinhos. Fui benzida com alfazema e charuto. Ninguém mandou um beijo. Nem abraço. Bater dói, e apanhar mais ainda. Cansei de quase tudo. Como se fala amor em quibundo? Não há cortinas, os fantasmas estão soltos. Meu ombro direito dói. Não sou Drummond e carrego o peso do mundo. Que medo. Que inferno é o medo. Gosto de lápis. A mão não acompanha a velô do pensamento. Eu não sei de nada. Mentira. Eu sei mas tenho medo. Não quero que aconteça de novo. Problema meu. Tenho um garrincha de estimação. Noite boa tem cantiga de ninar. Então tá. Boa noite.

Martha

inspiração: Cristiane Lisbôa

10 comentários:

Lilia Rezende disse...

Por tudo de lindo que escreve
bom dia
boa tarde
boas noites!

Ramon de Alencar disse...

...
-Este repente que me lembra um desabafo, parece uma revelação, uma intimidade, daquelas ditas ao pé do ouvido...
Lindo lirismo... ou seria um lírio?
Colírio?

. fina flor . disse...

menina, que coisa linda....... será que as flores são doces, mesmo?

beijos e bom domingo,

MM.

MARIAESCREVINHADORA disse...

Marthinha,

A vida é mesmo complicada e você foi buscar em Adélia Prado a inspiração para abrir as portas e botar fora o que vai n'alma.
Lindo demais, parabéns!
Beijo,

Conceição

Abrantes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abrantes disse...

Noite com amigos.

Abraços, sorrisos, presentes, surpresas.
Ausências, lembranças, informes.
Vinhos, cerveja, aperitivos.
Tomate seco, camarão proibido.
Jantar, histórias antigas, novas risadas.
Novas histórias, velha cumplicidade.
Cupuaçu, chocolate, torta, café e o sofá outra vez.

Uma hora no relógio quebrado.
Tempo parado.
Licença para viver sem pressa.
Ouvir a mulher de fala sensual.
Palavras fortes, inteligentes, claras, importantes e bobagens divertidas.

Sob o olhar do amante vouyer,
O vestido novo ficando curto
No vai e vem das pernas roliças.
Direita pra esquerda, esquerda pra direita.
Conserta, puxa pra baixo, volta a subir, noite adentro, na sala do relógio do tempo parado.

Em casa, sono embalado pelos assobios dos pássaros da madrugada fazendo serenata, enfim sós,
enfim nós, eu, você e os fantasmas, na rua das gaivotas.

sandro so disse...

Muito bonito isso, Martha. Muito bonito mesmo, com verdadeiras pérolas.

Anônimo disse...

Pra não ter crise de abistinência,
a dose de prazer foi dupla!!!!!!!!!!!
DOSE DUPLA , PRAZER EM DOBRO!
EXTASE!!!

Salve Jorge disse...

Também sorvi essa inspiração
E tomei a liberdade de vir devorar-te...

Adriano Caroso disse...

Encantado. É o que estou com seu blog e com suas palavras.

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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