01 abril, 2018

Poema da buceta cabeluda

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos, 
lúdicos, profanos. 
É faminta 
como o polígono-das-secas 
e cheia de ritmos 
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada 
é cabeluda 
como um tapete persa. 
É um buraco-negro 
bem no meio do púbis 
do Universo.

A buceta da minha amada 
é cabeluda, 
misteriosa, sonâmbula. 
É bela como uma letra grega: 
é o alfa-e-ômega dos meus segredos, 
é um delta ardente sob os meus dedos 
e na minha língua 
é lambda.

A buceta da minha amada 
é um tesouro 
é o Tosão de Ouro 
é um tesão. 
É cabeluda, e cabe, linda, 
em minha mão.

A buceta da minha amada 
me aperta dentro, de um tal jeito 
que quase me morde; 
e só não é mais cabeluda 
do que as coisas que ela geme 
aos meus ouvidos
quando a gente fode.

Bráulio Tavares

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