27 dezembro, 2013
SUGESTÃO
É preciso também deixar de amar,
Com urgência, é preciso.
Para que as flores do campo cresçam
e invadam a varanda, e depois a sala
e depois os quartos; com a violência
que a vida guarda nos seus cofres.
Se sofres, nem retires os espinhos
dessa rosa perversa: jogue-a no rio.
Que a natureza faça o resto, com a esperança
dos vencidos: uma esperança invisível
que trama com suas mãos de aranhas
castelos que não terão vinhas.
É preciso, portanto, também deixar de amar,
Com urgência, por sorte, é preciso.
Para que a Criação do mundo continue,
e os limos produzam suas canções nas pedras;
e a cigarra, com sua dor tão velha, possa sempre cantar
suas óperas dilaceradas, abraçando a morte, a terra.
Ângela Vilma
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