13 setembro, 2013





PARA MARTHA GALRÃO
e sua "Chuva de Maria"

Martha,
desamparada eu também estive
na barriga de minha mãe.
Lá dentro fazia frio, e eu tinha tanto medo
mas tanto medo, tanto medo, e a água
que me mantinha, não era a água benta,
nem era água no cesto. Era a falta de água
que minha mãe sofria, ao dormir
com os pés sujos e a alma perturbada.
Na barriga de minha mãe nunca chovia, Martha.
E lá dentro eu tinha medo, eu sofria, 
Lá dentro nunca houve, nunca houve a chuva de Maria.

Ângela Vilma

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