06 setembro, 2012


Espelhos

Antes minha mãe era aquela que chegava e saía para o
trabalho.
Que ria de bochechas rebrilhantes,
que escaldava roupas brancas no fogo,
que alimentava a casa e fazia girar a grande roda da vida.

Agora não,
cada vez mais eu reconheço nela uma mulher
como eu.

Vejo seus seios bonitos,
suas curvas dobradas em gorduras macias,
suas mãos em gestos de silêncio,
seu olhar dançando pardo no mundo.

Minha mãe, antes de sê-lo, é uma mulher.

Seu corpo o denuncia.
E eu sou não apenas filha,
mas a prova mais poderosa de seu feminino frutificado.

Lívia Natália

Nenhum comentário:

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria