10 maio, 2012

Haroldo e Martha
Coração Habitado 


Aqui estão as mãos. 
São os mais belos sinais da terra. 
Os anjos nascem aqui: 
frescos, matinais, quase de orvalho, 
de coração alegre e povoado. 


Ponho nelas a minha boca, 
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas 
nas minhas, as pequenas mãos do mundo. 


 Alguns pensam que são as mãos de deus 
- eu sei que são as mãos de um homem, 
trémulas barcaças onde a água, 
a tristeza e as quatro estações 
penetram, indiferentemente. 


Não lhes toquem: são amor e bondade. 
Mais ainda: cheiram a madressilva. 
São o primeiro homem, a primeira mulher. 
E amanhece. 


Eugénio de Andrade



Álvaro e Laura

















Jorge e Quezia 

3 comentários:

Quézia disse...

Assim como o mundo se constrói com mãos e palavras, o amor.

Obrigada, Martinha, pela emoção deste instante.

Abrantes disse...

Lembra que eu escrevi para você:

Sempre que te olho mais demoradamente
acho que gosto de partes do teu corpo mais do que outras.
Às segundas, por exemplo, admiro tua coragem,
terça, a persistência.
Quarta, teu carinho.
Quinta, tua essência.
Sexta, gosto do teu hálito noturno.
Sábado, teus versos
e domingo, tua preguiça.

Todos os dias admiro tuas histórias, teu pensamento.


Esqueci de falar de tuas mãos macias que me acariciam todos os dias.

Tania França disse...

Pôxa Marthinha... Você nos mata de inveja... Haroldo, também!

A Chuva de Maria

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Muadiê Maria

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