26 março, 2012
















Foz do Rio Jiquiriçá
Foto: Margi Moss

Vou ali chorar e volto.
Juntarei minhas mãos em concha
depositarei lágrimas, com cuidado, até as bordas
e entregarei à terra.
Desse encontro vingará
a cabeceira do rio.

Seu leito não aceitará cuidados
pois é mais forte que eu.
Sulcos de lodo e segredos,
matas de alegria, pedras indomáveis,
sedimentos de saudade e amores mal acabados.

Amanhã chorarei de novo
depois de amanhã também
para alimentar seu curso
de água, sal, sofrimento.
Nesse rio caudaloso
banharei o transtorno, a urgência,
a virulência do sentimento.

Em sua foz,
um dia,
me deitarei
e morte.

Martha

3 comentários:

M. disse...

Tão bonita a sua escrita, Martha. Bjs.

aeronauta disse...

Bonita mesmo; caudalosa.

Anônimo disse...

Ah como eu queria saber dizer o que disseste de maneira tão doce e forte. Sinto-me quase chegando ao mar, um quê de pororoca, sal na boca e oceano de saudades do que passou e não pude aproveitar.
Bj

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