18 fevereiro, 2010

Amanhã

aguda a dor de não ter meu pai.

(não aguentei sair da casca, digo, casa,
passei bem mal de manhã)
equilíbrio precário, solidão, sol forte, calor,
equilíbrio precário, ilusões.
o que quer uma mulher carregando sobre
o ombro direito a sua casa?
o que para uns é distúrbio de ansiedade
para outros é aflição.
os labirintos são corredores de silêncio,
medo e susto.
eu me perco e nem grito.

complacente,
sem coragem nenhuma.

M.

8 comentários:

Ana Cecília disse...

Que beleza, Martha. Tão inteira, você.
Abraço grande!

nydia bonetti disse...

Nem me fale desta dor... Nem me fale deste peso, de carregar sozinha a casa nos ombros...
Teu poema me toca profundamente, Martha. Meu equilíbrio por um fio.

beijo.

Gerana Damulakis disse...

Posso fazer minhas todas as palavras.
Mas a admiração é pelo seu poema de amor maior.

Daiane Oliveira disse...

A sua dor esculpida num poema.
Linda, Martha!

Clóvis Campêlo disse...

A dor quando não fere, aDORmeçe!

Anônimo disse...

Quisera eu fazer da minha dor bela poesia.

Nilson disse...

E bem o que sinto às vezes. Um homem que tb carrega a casa nos ombros.

nydia bonetti disse...

quando eu nasci

a casa ainda era branca
número 11

o telefone preto de manivela
número 09

e o céu, azul infinito

Tenho um enorme afeto pela CASA, Martha, além da profissão: construtora de casas. Também tenho muitos poemas que falam delas.

beijo

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria