Amanhã
aguda a dor de não ter meu pai.
(não aguentei sair da casca, digo, casa,
passei bem mal de manhã)
equilíbrio precário, solidão, sol forte, calor,
equilíbrio precário, ilusões.
o que quer uma mulher carregando sobre
o ombro direito a sua casa?
o que para uns é distúrbio de ansiedade
para outros é aflição.
os labirintos são corredores de silêncio,
medo e susto.
eu me perco e nem grito.
complacente,
sem coragem nenhuma.
M.
8 comentários:
Que beleza, Martha. Tão inteira, você.
Abraço grande!
Nem me fale desta dor... Nem me fale deste peso, de carregar sozinha a casa nos ombros...
Teu poema me toca profundamente, Martha. Meu equilíbrio por um fio.
beijo.
Posso fazer minhas todas as palavras.
Mas a admiração é pelo seu poema de amor maior.
A sua dor esculpida num poema.
Linda, Martha!
A dor quando não fere, aDORmeçe!
Quisera eu fazer da minha dor bela poesia.
E bem o que sinto às vezes. Um homem que tb carrega a casa nos ombros.
quando eu nasci
a casa ainda era branca
número 11
o telefone preto de manivela
número 09
e o céu, azul infinito
Tenho um enorme afeto pela CASA, Martha, além da profissão: construtora de casas. Também tenho muitos poemas que falam delas.
beijo
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