Epígrafe
Todo mundo tem seu inferno. Passa por ele. Fogo nas ventas, fogo na alma, garfada nas entranhas. É, todo mundo tem seu inferno. Panela fervente nas costelas, Deus e o Diabo rindo por perto. Não adianta reclamar, tentar abrir as portas da casa, as portas da alma, as portas do sei lá o quê. Não há, não há caminho, não vês? Uns choram, outros dançam, outros passeiam, outros amam. O mundo inteiro chacoalha seu escárnio, enquanto estão lá teus dedos, estrebuchando na panela, fritando unha por unha. E teus dentes se cerram, provando uma força ínfima diante da labareda nos intestinos. O vento mostrando a que veio: dando uma abanadinha miserável na dor, soprando, soprando, docemente, como convém ao vento, só isso.
Aeronauta
6 comentários:
Li novamente o texto, agora em voz alta. É extraordinário. A sonoridade de portas, portas, portas, depois outros, outros,outros, é de rasgar qualquer alma indiferente. A moldura negra da tela aumentou ainda mais a força das palavras. Esta Aeronauta é dos infernos!
Oi, Marta, que bom estar aqui no seu blogue! Obrigada, querida, por tanta generosidade.
este texto é uma porrada!
Uma machadada que quebra o gelo que há em nós.
Este texto é excelente!
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