13 outubro, 2008

Oração pelo poema

XXVI

A cem quilômetros por hora,
solto a direção do automóvel,
para escrever alguma coisa
mais urgente que minha vida.

Devo portanto utilizar
o vocabulário econômico
do Século: é proibido
amar, fumar, pisar na grama.

Mas gostaria que restasse
algum tempo para dizer
no poema as palavras súbitas
de recompensa e remissão.

Ó meu Deus, eu quero escrever
a minha vida, não teu Céu.
Eu estou só e enlouquecido
como as ovelhas mais longínquas.

Dá pelo menos a esperança
de terminar o doloroso
poema. Dá isso a teu filho,
caído, e coberto de sal.


Alberto da Cunha Melo


Oração pelo poema - edição completa

4 comentários:

ana laura diniz disse...

oi, martha. a vida sem poesia que graça tem? obrigada pelo seu comentário, apareça sempre. coloquei o seu no rol aberto do site e a respondi lá. é só conferir na kumbuka. abraços hilstianos.

ana laura diniz disse...

oi, martha. vim passear aqui... beijos

Clóvis Campêlo disse...

Estou de volta pro meu aconchego... Fazia tempo...

Anônimo disse...

Very good!

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