07 novembro, 2007

Entrega

Afundo os meus navios
Olhando o quanto sou fogueira de velas muitas.
Marca na testa é sinal de deusa Musa.
Limpo o chão da casa dos meus súditos,
Colho as ervas finas do dia,
Ancoro repolhos no molho branco,
E digo não, quando quero.
Ademais, quem disse que eu presto?
Protesto demais pra uma coisa fêmea,
Memória me diz:
Lugar de mulher é no silêncio,
Tormentas, é homem quem sofre.
Estou em cada comboio de gente que busca alento em lugar,
Arreio, em comarcas, o meu assombro
Dessa lida de malas abarrotadas de pedras.
Minha mãe nem sabe da mesma sina.
Vontade sinto de cortar caminhos
Por onde passa esse rio vermelho.
Cansei-me, há muito, de ser,
Só trago continuísmos de lesmas.
Recuso-me a dormir calada,
Alada, voaria até o sol para derreter-me as asas.

Rita Santana

4 comentários:

  1. Lindo poema.
    Lindo e cheio de veia.
    Obrigada pela partilha Martha.
    Beijo grande!

    ResponderExcluir
  2. Eu adoro a Rita! Linkei vc!
    Beijinhos,
    Renata

    ResponderExcluir
  3. Lindo poema.
    Essa coisa de ser mulher me intriga, é muito poético esse feminino lugar.
    Deus salve as poetas e seus amantes

    ResponderExcluir
  4. Que lindo, Marthinha.
    Beijo,

    Conceição

    ResponderExcluir