Oração pelo poema
XXVI
A cem quilômetros por hora,
solto a direção do automóvel,
para escrever alguma coisa
mais urgente que minha vida.
Devo portanto utilizar
o vocabulário econômico
do Século: é proibido
amar, fumar, pisar na grama.
Mas gostaria que restasse
algum tempo para dizer
no poema as palavras súbitas
de recompensa e remissão.
Ó meu Deus, eu quero escrever
a minha vida, não teu Céu.
Eu estou só e enlouquecido
como as ovelhas mais longínquas.
Dá pelo menos a esperança
de terminar o doloroso
poema. Dá isso a teu filho,
caído, e coberto de sal.
Alberto da Cunha Melo
Oração pelo poema - edição completa
4 comentários:
oi, martha. a vida sem poesia que graça tem? obrigada pelo seu comentário, apareça sempre. coloquei o seu no rol aberto do site e a respondi lá. é só conferir na kumbuka. abraços hilstianos.
oi, martha. vim passear aqui... beijos
Estou de volta pro meu aconchego... Fazia tempo...
Very good!
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