18 novembro, 2006

Inéditos e Dispersos



Esta
brisa
marinha
semimágica
que entra tão
sub-repticiamente
pela janela denuncia_
o que? ou liquefaz meus
suspiros, em mistério tátil e
tácito.--------------------------
Meu Deus, de novo a brisa a me
desalienar e desalinhar, despertando
o borbulhar que o ano inteirinho pressentiu.
---------------------------------------Suspirosa
e oleosa, uma tonta. Sigo o rádio. Será que eu
fui engolida inteira? Faz de conta que a mi-
nha digestão é fácil, que as grandes partes se
derreteram já, que os ossos cuspidos estão ar-
rumados, insensíveis e ressecando ------- ----
-------- Ouvi dizer, li em algum lugar: Ana
é idiota. Se conspirassem contra mim, tal- vez
eu fosse. ----------------------A noite des-
pencou e quebrou três estrelas.

Ana Cristina César


Poemas Escolhidos e Dispersos


As pequenas palavras

De todas as palavras escolhi água,
porque lágrima, chuva, porque mar
porque saliva, bátega, nascente
porque rio, porque sede, porque fonte.
De todas as
palavras escolhi dar.

De todas as palavras escolhi flor
porque terra, papoila, cor, semente
porque rosa, recado, porque pele
porque pétala, pólem, porque vento.
De todas as palavras escolhi mel.

De todas as palavras escolhi voz
porque cantiga, riso, porque amor
porque partilha, boca, porque nós
porque segredo, água, mel e flor.

E porque poesia e porque adeus
de todas as palavras escolhi dor.

Rosa Lobato de Faria

Um comentário:

Ramon de Alencar disse...

...
-Gostei-te das palavras escritas e re-escritas...
Lerei de um tanto mais...

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Muadiê Maria

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